Vasco Antonio Venchiarutti nasceu em 29 de maio de 1920, em Araraquara, SP. Filho do construtor e fachadista, de origem italiana radicado em Jundiaí, Giácomo Venchiarutti, e de Antonieta Gáspari Venchiarutti, Vasco desde criança sentiu que deveria ser arquiteto.

Em idade escolar cursou a Escola Paroquial da Vila Arens, o Ginásio José Bonifácio (aqui em Jundiaí, do saudoso professor Giácomo Ítria), e o Instituto Cesário Motta, de Campinas, SP. Em 1942 ingressou na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, após ter feito o curso pré universitário na seção de Engenharia da mesma Universidade.

No segundo ano da faculdade associou-se a quatro colegas e auxiliados pelo arquiteto Sérgio Bernardes organizaram um escritório de desenho de arquitetura. O escritório ocupava uma sala contígua a de Sérgio, e como nessa se reunissem artistas e arquitetos, em breve, além de desenhar os projetos de Sérgio Bernardes, passou a desenhar para Oscar Niemayer, Afonso Eduardo Reidy, Jorge Moreira, Roberto Burle Marx e outros arquitetos de tendência moderna, convivendo em ambiente artístico de vanguarda.

Ainda na faculdade projetou o edificio Nicolau Carderelli, construí do na praça defronte a Matriz de Nossa Senhora do Desterro, primeiro edifício de características modernas de Jundiaí. Formou-se em 1946, retomando a Jundiaí, onde iniciou a sua vida profissional junto a empresa construtora de seu pai.

Nesta época projetou e construiu os 3 sobrados (um desses sobrados foi residência de Vasco durante muitos anos) da Av. Dr. Cavalcanti (demolidos em 1982), que vieram quebrar a linha e as tendências seguidas até então pelos projetistas de residências em Jundiaí, introduzindo novos conceitos arquitetônicos e construtivos, que tiveram ampla aceitação e absorção.

Em 1947 candidatou-se à Prefeito Municipal de Jundiaí, sendo eleito, e empossado em 10 de Janeiro de 1948. Nesta gestão projetou como arquiteto e executou como prefeito diversas obras públicas, que marcam a feição urbana de Jundiaí até hoje: o viaduto da Ponte São João, a Avenida Jundiaí, o Parque Municipal F. Carbonari (Festa da Uva) (desfigurado por reformas equivocadas, sendo que a última realizada em 2003/2004 o descaracterizou quase que completamente), a Praça Municipal de Esportes Dr. Nicolino de Lucca (Boião) (projeto premiado no Salão Paulista de Belas Artes), entre outras.

Como Prefeito incentivou a instalação de novas indústrias no município, algumas existentes até hoje, tais como a Duratex, e a Standart Brands (Royal, atualmente Kraft), etc. Ainda como Prefeito promoveu a doação de terrenos para a Faculdade de Engenharia Industrial (que não foi implantada) e para o Instituto de Educação (atualmente Escola Estadual Bispo Dom Gabriel P. B. Couto), conseguindo do Estado a construção do prédio.

Nesta mesma época projetou também diversas obras particulares com destaque para o edifício S. Rappa (antigo Cine Ipiranga, hoje loja de confecções), na rua Barão de Jundiaí, estádio do Paulista Futebol Clube (Estádio Dr. Jaime Cintra), estádio do Jardim do Lago, residências, etc.

Deixou a prefeitura no final de 1951, dedicando-se intensamente a profissão de arquiteto projetando diversas residências, o edifício da Telefônica Jundiaí (Telesp, atual Telefônica), na rua Siqueira de Morais, o edifício Antônio Farina, na esquina da rua Barão de Jundiaí com a rua da Padroeira, o edifício e galeria Bocchino, os conjuntos industriais da CICA em Jundiaí (atualmente Telhanorte), e em Monte Alto, SP.

Fez curso de planejamento e construção hospitalar e projetou diversos prédios hospitalares para a Fundação Anita Pastore D’ Angelo, em São Paulo. Foi presidente da Associação Esportiva Jundiaiense, do Aero Clube de Jundiaí, etc.

Em 1955 disputou novamente a Prefeitura Municipal de Jundiaí sendo reeleito, iniciando a sua 2a gestão como Prefeito em 10 de Janeiro de 1956. Nesta gestão realizou diversas obras: a represa do Moisés, o calçamento de 300.000 m² de ruas, e a conclusão da av. Jundiaí.

Conseguiu do governo do Estado diversas obras de necessidade premente; conseguiu a criação do Ginásio Estadual da Vila Arens (Geva), abriu novas estradas para o Caxambu e ltupeva, retificou a estrada de Campo Limpo, realizou a Festa da Uva de 1957, conseguiu a ampliação do Campo de Aviação, a fixação de novas industrias e assinou o convênio para a criação da Escola Técnica de Construção Civil (Colégio Técnico, atual ETEVAV).

São desse período diversos projetos particulares, residências; Padroeira, fabricas, etc. Realizou também o curso de urbanismo na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU), destinado a administradores. Em fins de 1959, concluiu seu mandato como Prefeito, abandonando definitivamente a política. Dedicou-se então exclusivamente a arquitetura tendo oportunidade de planejar vastas áreas de terras em fazendas no interior do estado de Mato Grosso; projetou o Chá Palace Hotel em Registro, SP, o Cine Marabá (demolido), o abrigo de menores do Caxambu, o Centro piloto da AP AE, a igreja da Paróquia de Santo Antônio no Anhangabau (demolida recentemente), A sede da Sociedade Musical e Recreativa União Brasileira (Banda) (extinta, o prédio descaracterizado), na Av. Dr: Cavalcanti, o Hospital Psiquiátrico (?), além de inúmeras residências em Jundiaí, em São Paulo e no Litoral.

Em 1962 com um grupo de cidadãos jundiaienses e com apoio da classe médica, visando ampliar o carente setor hospitalar de Jundiaí (na época), projetou e iniciou a construção do Hospital Santa Rita de Cássia na Vila Arens, custeado pela venda de cotas a população. (o prédio em conclusão foi desapropriado pela municipalidade para a implantação da Faculdade de Medicina de Jundiaí).

Em 1965 presidiu a Comissão do Plano Diretor do Município e a Comissão do Código de Obras. Em 1966 recebeu o título de “Cidadão Jundiaiense”, conferido pela Câmara Municipal. Em 1967 participou da implantação do Núcleo de Jundiaí, do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), sendo eleito presidente da primeira diretoria.

Após a concretização da desapropriação do hospital Santa Rita da Vila Arens, projetou e com o mesmo grupo iniciou a construção do Novo Hospital Santa Rita de Cássia nos altos do Jardim Messina (também desapropriado pela municipalidade, recentemente, para a instalação do Hospital Universitário (RU).

Projetou também nesse período o complexo turístico Lago Azul, em Louveira (Lago Azul – Via Anhanguera). Em 1969 projetou o Centro Esportivo da Vila Rami (rua Cica), e outras obras para a administração do Prefeito Walmor Barbosa Martins.

De 1970 até a sua morte continuou na sua lide de arquiteto sendo que entre seus últimos projetos podemos citar: a ampliação da Casa de Saúde Dr. Domingos Anastácio, diversos prédios comerciais na rua Barão de Jundiaí e na rua do Rosário, diversas residências, a Coopercica da rua João Ferrara, o Blue Lake (atualmente parcialmente ocupado pelo Banco Itaú) na av. Jundiaí, ampliações em diversas indústrias e outros.

Vasco faleceu em 25 de Agosto de 1980, era casado com Liliana Paschoal Venchiarutti e não deixou descendentes, seu corpo está sepultado em Jundiaí, no Cemitério Nossa Senhora do Desterro. Em 1983, por iniciativa do Prof. Eng. Ruy Luiz Chaves e com o endosso dos docentes da Escola Técnica Estadual de Jundiaí, o Deputado Estadual Randal Juliano Garcia apresentou a Assembléia Legislativa a propositura de se dar o nome do saudoso Arquiteto e Prefeito Vasco Antonio Venchiarutti como Patrono da nossa Escola.

Assim, pelo Decreto Lei n° 3783, de 11 de Julho de 1983, a Escola Técnica Estadual de Jundiaí passou a ser denominada de Escola Técnica Estadual Vasco Antonio Venchiarutti, a nossa ETEVAV.

Pesquisa e Texto: Prof. Arq. Luciano Carlos Christ (Fonte principal: Curriculum Vitas de Vasco)